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Acomodação de João Calvino em tempos crueis

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Mensagem  Admin Dom 2 Jun - 8:43

John Piper


João Calvino era muito diferente de Lutero, mas igualmente filho de uma geração cruel e rude. Ele e Lutero nunca se encontraram, mas se respeitavam profundamente. Quando Lutero leu a defesa de Calvino sobre a Reforma, dirigida ao cardeal Sadoleto em 1539, disse: "Eis aqui uma obra que possui mãos e pés. Alegro-me que Deus levante tais homens". Calvino retribuiu esse respeito a Lutero na única carta que conhecemos, que Lutero nunca recebeu. "Se ao menos eu pudesse voar até você para poder, mesmo que por algumas horas desfrutar da alegria da sua companhia; pois preferiria, e seria muito melhor (...) conversar pessoalmente com você; mas vendo que isso não nos será concedido na Terra, espero que brevemente isso ocorra no reino de Deus" Conhecendo suas circunstâncias melhor do que nós as conhecemos, e talvez, conhecendo melhor os seus pecados, eles podiam passar, nas suas afeições, por cima das falhas um do outro com mais facilidade.

Não tem sido tão fácil para outros. A grande dos louvores e elogios dados a João Calvino tem sido igualdade à seriedade e severidade das críticas. Em sua época, até mesmo seus contemporâneos brilhantes se fascinaram com a compreensão de Calvino sobre a plenitude da Escritura. Na Conferência de 1541 em Worms, Melancton expressou que estava estupefato com o conhecimento de Calvino e o chamou simplesmente de "O teológico". Em tempos modernos, T. H. L. Parker concorda e diz: "Agostinho e Lutero eram talvez superiores no pensamento criativo; Aquino em filosofia; mas em teologia sistemática, Calvino permanece supremo". E Benjamin Warfield afirmou: "Nenhum outro teve uma percepção mais profunda de Deus".

Mas a época era bárbara, nem mesmo Calvino escapou das evidências dos seus próprios pecados e dos pontos obscuros de sua própria época.

Jakobus Arminius, geralmente considerado o antagonista histórico do calvinismo, escreveu: "Calvino é incomparável na interpretação da Escritura e seus comentários devem ser mais valorizados do que tudo que nos é legado pela Biblioteca dos Pais."(DAVIES, Alfred T. John Calvin and the Influence of Protestantism of National Life and Character. -London: Henry E. Walter, 1946, p. 24).


"Ele se destaca na história dos estudos bíblicos. Diestel, por exemplo, o aclamou como sendo:"o criador da exegese genuína" Era imensa a autoridade que seus comentários adquiriam imediatamente - eles 'abriam as Escrituras' como nunca foram abertas antes. Richard Hooker - 'o Hooker perspicaz' - observou que nas controvérsias de sua própria época, 'a compreensão da Escritura que Calvino possibilitava' era mais valiosa do que se fossem colocados em evidência 'dez mil Agostinhos, Jerônimos, Crisóstomos e Ciprianos.'" (Warfield, Calvin and Augustine, p. 9).

A vida era severa, até mesmo brutal, no século XVI. Não havia sistemas de esgoto ou água encanada, aquecimento central ou refrigeração, antibióticos ou penicilina, aspirina ou cirurgia para apendicite, anestésicos para extração de dentes ou energia elétrica para se estudar a noite, aquecedores de água ou máquinas de lavar e secar, fornos ou canetas, máquinas de escrever ou computadores. Calvino, como muitos outros de sua época, sofria de "males crônicos". Se a vida podia ser miserável fisicamente, podia e tornar ainda mais perigosa socialmente e mais miserável ainda moralmente. Os libertinos na igreja de Calvino, como seus equivalentes em Corinto no século I, deleitavam-se em tratar a "comunhão dos santos" como uma justificação para a troca de esposa. A oposição de Calvino fez dele uma vítima da violência de multidões por mais de uma vez. Esses tempos não eram somente doentios, severos e imorais, como também freqüentemente bárbaros. É importante entender isso, pois Calvino não escapou da influência de sua época. Ele descreveu numa carta a crueldade comum em Genebra: "Uma conspiração de homens e mulheres foi recentemente descoberta, a qual, por um período de três anos, havia intencionalmente espalhado a praga pela cidade. Não sei qual a artimanha perversa que eles usaram para isso."Como resultado disso, quinze mulheres foram queimadas na fogueira. Calvino comenta: "Alguns homens têm sido punidos mais severamente; alguns cometeram suicídio na prisão; e enquanto 25 ainda são mantidos prisioneiros, os conspiradores não cessam (...) de lambuzar as fechaduras das residências com seu ungüento venenoso".

Essa espécie de punição capital aguardava não somente os criminosos, mas os próprios reformadores. Calvino foi expulso de sua terra natal, a França, sob ameaça de morte. Nos vinte anos seguintes, ele agonizou pelos mártires de seu país e se correspondeu com muitos deles enquanto caminhavam fielmente para a fogueira, em que seriam queimados. Calvino poderia ter tido o mesmo destino com uma leve mudança na providência. "Não temos somente o exílio a temer, pois todos os meios de morte mais cruéis e variados pendem sobre nós, já que, motivados pela religião, eles não colocarão limites a suas barbaridades". Essa atmosfera deu origem à maior e à pior façanha de Calvino. Sua maior façanha foi escrever as Institutas da religião cristã e a pior foi sua participação na condenação do herege Miguel Serveto, queimado em Genebra.

O livro das Institutas foi publicado pela primeira vez em março de 1536, quando Calvino tinha 26 anos. O livro passou por cinco edições e ampliações até chegar a sua forma atual na edição de 1559. Se essa fosse a única obra de Calvino - e não 48 volumes de outras obras -, isso já o teria tornado o mais notável teólogo da Reforma. Mas sua obra não surgiu simplesmente por razões acadêmicas. Veremos no Capítulo 3 que ela surgiu como tributo e defesa dos mártires protestantes na França. Mas ele próprio não conseguiu se livrar dessa mesma crueldade. Miguel Serveto, espanhol, era médico, advogado e teólogo. Sua doutrina sobre a Trindade não era ortodoxa - a ponto de chocar tanto os católicos como os protestantes dos seus dias. Em 1553, ele publicou o que pensava e foi preso pelos católicos na França. Mas escapou e fugiu para Genebra, onde foi preso. Calvino participou do processo contra ele, acusando-o. Serveto foi condenado à morte na fogueira, porém Calvino pediu uma execução mais rápida. Entretanto, o condenado foi queimado vivo na estaca no dia 27 de outubro de 1553.

Esse fato maculou o nome de Calvino tão severamente que muitos não conseguem nem ouvir seus ensinamentos. Mas não sabemos se a maioria de nós, se estivéssemos naquele meio social, não teria agido da mesma forma sob tais circunstâncias. Melancton era um homem pacífico e de voz suave,
companheiro de Martinho Lutero, que Calvino havia conhecido e amado. Ele escreveu a Calvino sobre o caso de Serveto: "Sou inteiramente a favor de sua opinião e declaro que seus magistrados agiram corretamente em condenar à morte tal blasfemador". Calvino nunca teve um ofício civil em Genebra.
Toda a sua influência foi exercida com pastor. Porém, com essa exceção, suas mãos estavam tão sujas com o sangue de Serveto como as de Davi com o sangue de Urias.

Isso torna as confissões de Calvino no final da sua vida ainda mais importantes. No dia 25 de abril de 1564, um mês antes de sua morte, ele chamou os magistrados da cidade ao seu quarto e lhes disse:

Com toda a minha alma abraço a misericórdia que Deus tem exercido para comigo em Jesus Cristo, expiando meus pecados com os méritos da sua morte e paixão. Que desta forma ele possa propiciar todos os meus crimes e faltas, e apagá-los da sua memória (...) Confesso que tenho falhado inúmeras vezes em executar meu ofício de adequadamente, e se ele não tivesse, com sua abundante bondade, me assistido, todo aquele zelo teria sido passageiro e vão (...) Por todas essas razões, testifico e declaro que não tenho qualquer outra segurança para minha salvação a não ser esta, e somente esta, a saber, que Deus é o Pai da misericórdia, e que ele irá mostrar-se como Pai para mim, que reconheci a mim mesmo como miserável



T. H. L. Parker disse: "Ele não devia ter lutado a batalha da fé com as armas do mundo". A maioria de nós concordamos com isso. Se Calvino chegou a essa conclusão antes de morrer, não sabemos. Mas o que sabemos é que Calvino se via como um miserável pecador cuja única esperança diante de "todos seus crimes" era a misericórdia de Deus e o sangue de Jesus.
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